A sensação de caos costuma ser perturbadora. Mais angustiante do que um pensamento que escapa e ideias que nos fogem são as infinitas possibilidades e variabilidades. A vida e o mundo se modificam de forma tão acelerada que perdemos a noção do tempo. E o tempo todo lutamos contra o caos, tentando organizar a vida em modelos e esquemas.
A estrutura de rizoma tem sido adotada pelos filósofos Deleuze e Guattari como um destes modelos, a fim de construir conceitos capazes de pensar a contemporaneidade e suas multiplicidades, por elas mesmas, visto que o rizoma é a multiplicidade em si.
Neste trabalho, o autor busca a dinâmica deste conceito na construção de sua teia pictórica onde pretende gerar reflexões sobre o cosmos, a vida, a urbanidade e o cotidiano, evidenciando-se neste último as suas ressonâncias na realidade contemporânea e nas questões ligadas às redes e às virtualidades.
Este conceito é inspirado na botânica, onde rizoma é a estrutura de plantas que cresce horizontalmente, e ramificam-se como raiz, talo ou ramo. A grama é um exemplo de planta rizomática, assim como o bambu e a cana de açúcar.
“A multiplicidade não deve designar uma combinação de múltiplo e uno, mas, pelo contrário, uma organização própria do múltiplo como tal, que de modo nenhum tem necessidade da unidade para formar um sistema.” (Deleuze)
O rizoma metaforizado utilizado pelos filósofos nos permite fazer diversas associações com o nosso cotidiano assim como as cidades, os neurônios, as redes sociais a internet entre tantas outras.
“O artista traz do caos variedades, que não constituem mais uma reprodução do sensível no órgão, as erigem um ser do sensível, um ser da sensação, sobre um plano de composição, anorgânica, capaz de restituir o infinito. A luta com o caos, que Cézanne e Klee mostraram em ato na pintura, no coração da pintura, se encontra de uma outra maneira na ciência, na filosofia: trata-se sempre de vencer o caos por um plano secante que o atravessa. O pintor passa por uma catástrofe, ou por um incêndio, e deixa sobre a tela o traço dessa passagem, como do salto que o conduz do caos à composição”. (Gilles Deleuze e Félix Guattari)